A queda dos Anjos
Trecho do Livro Magia Angelical
de Giselle Galvão e Francisco Marengo
No segundo dia da criação Deus criou os anjos da Lava, da Pedra; do Fogo e do Relâmpago. E os estabeleceu em 9 hierarquias ascendentes e essas hierarquias foram chamadas de Coros Celestiais, para cada Coro colocou um Príncipe da Divina Presença com seus assistentes para governar os milhares de anjos que compunham cada um deles. Estas foram as hostes celestiais formadas pelo Criador para governar o Sete Céus. Superiores aos Nove Coros o Criador criou os Guardiões das Atalaias – as Muralhas dos Sete Palácios que estão no Sétimo Céu onde fica a morada do Criador. Entre os Guardiões o Criador escolheu setenta que foram chamados Príncipes dos Reinos e eram superiores aos outros Guardiões. E então escolheu a outros que são superiores aos setenta que são os que estão na frente do Trono do Criador. E um destes, o mais bonito e poderoso de todos com poderes quase tão grandes como o do Criador foi o Grande Serafim, Querubim, Potencia e Arcanjo chamado Beqa, cujo nome significa “aquele que é bom”, e este Grande Arcanjo era muito amado pelo Criador que depositou nele mais poderes e conhecimentos que em nenhum outro Anjo, exceto o Grande Serafim, Virtude e Arcanjo Miguel, cujo nome significa “aquele que é como o Criador”, e quem é incorruptível. E o Criador amando grandemente Miguel fez dele seu estrategista supremo quem está a cargo de decidir as estratégias das Hostes Celestiais. E conhecendo a integridade de Miguel, revelou somente a ele seu Nome Secreto com o qual criou o Universo “o nome secreto e Criador são Uno e com este nome podem ser criados e destruídos milhares de Universos.” Mas o Criador não revelou a Miguel e a nenhum dos outros anjos como havia sido criado o universo.
Beqa tendo um poder quase igual a do Criador pôde descobrir como o Criador formou a Criação e seu espírito se encheu de grande desejo de ser como o Criador e ter o poder de criar Universos. E seu olhar cobriu todos os âmbitos dos Sete Céus e as Hostes Celestiais, todos os servidores do Criador, e seus olhos se extasiaram no Trono do Criador nas Alturas, formado de fogo e de cristal. Beqa desejou ardentemente sentar-se no Trono do Criador e governar.
Todavia Beqa não possuía o Nome Secreto do Criador que foi revelado somente ao Arcanjo Miguel, sem este nome não podia apoderar-se do Trono e concebeu um plano. Toda manhã Miguel após receber as ordens do dia erguia vôo com suas asas de esmeralda para cumpri-las. E Beqa espiando o vôo de Miguel o seguiu e o deteve no meio da imensidão que está entre a luz e as trevas. E os dois príncipes regentes ao encontrar-se formaram um sol deslumbrante no meio do Céu com as faíscas de fogo que deles provinham. Beqa com cortesia impecável tirou sua coroa deslumbrante e se inclinou reverentemente diante de Miguel. Em resposta Miguel retirou por sua vez sua coroa de luz e de fogo e se inclinou diante de Beqa, que lhe pediu permissão para acompanhar-lhe em sua jornada. Miguel concedeu. Ambos os príncipes então continuaram seu vôo formando arcos de luz em sua travessia pelo firmamento. Beqa sutil e malicioso com grande inteligência indagou sabiamente a Miguel se este estava satisfeito em prestar serviços ao Criador. Miguel, surpreendido mais ainda sem suspeitar de nada respondeu simplesmente que todo o seu ser e sua essência pertenciam ao Criador. Beqa respondeu com palavras de fogo que ele não desejava servir e sim ser servido já que sua essência era tão poderosa como a do Criador e para demonstrar este poder revelou a Miguel como o Criador manifestou o visível do invisível para criar desta forma o Universo. Revelando toda a sua má intenção ofereceu a Miguel compartilhar o domínio dos Sete Céus com ele se ele lhe revelasse o Nome Secreto do Criador.
Então Miguel, aquele que é como Deus, desembainhou sua espada de fogo a qual faz os exércitos celestiais tremerem e com o golpe mais rápido que o pensamento despojou de Beqa a sua coroa deslumbrante que rodou como uma estrela luminosa pelo confins do firmamento. Beqa com a cabeça descoberta como o anjo mais baixo sem posto e sem coroa sentiu a ponta flamejante da espada de Miguel sobre seu peito queimando sua pele de luz. Miguel empurrou a ponta da espada e Beqa aterrado retrocedeu.
“Anjo ruim, sem gratidão e sem consciência!”, exclamou Miguel, tremendo com ira divina. “Jamais sua sandália impura pousara nos degraus do Trono Celestial. Para trás, Kasbel. Este é teu verdadeiro nome: “aquele que trai o seu Criador”. Fora de minha presença”! Então grandes labaredas de fogo brotavam da boca de Miguel a cada palavra que dizia e sua figura imensa que atravessa o curso das estrelas aumentava com sua indignação e o firmamento inteiro se iluminava e estremecia com o fogo celestial que dele fluía. Beqa fugiu apavorado da presença terrível e devastadora de Miguel. Sua túnica radiante envolta em chamas e coberto por uma nuvem escura regressou maltrapilho e sem coroa a sua mansão no Sétimo Céu, tremendo de ira e frustração convocou seus grandes ministros: Yeqon, Asbel, Gadereel, Pineme e Kasadya e os fez, unir-se a ele juntamente com seus exércitos para fazer guerra no Céu e destronar o Criador .
Miguel, príncipe da Divina Presença, regente dos Serafins ao terminar sua batalha com Kasbel, se elevou rapidamente até e Sétimo Céu e chegou frente ao majestoso príncipe Anapiel YHVH quem tem a cargo a chaves dos Sete Palácios que tirou sua coroa gloriosa e saldou reverentemente a Miguel abrindo baixo sua petição as portas do Sétimo Palácio, onde mora o Criador. E o grande e terrível príncipe Soteraziel YHVH sem cuja permissão nenhum dos príncipes angelicais pode chegar a divina presença ao ver chegar diante de si Miguel, o grande terrível Serafim, Arcanjo e Arquiestrategista divino tirou sua coroa de mil estrelas saldando-o reverentemente e em seguida escoltou Miguel até a Divina Presença. E então os Coros angelicais entoaram cantos de boas vindas ao ver Miguel. E o Grande Serafim, Virtude e Arcanjo ao chegar diante do Trono Divino do qual surgiu milhares de relâmpagos e cuja luz deslumbrante iluminava os Sete Céus, tirou sua coroa gloriosa e se prostrou diante da Divina Presença.
Os Querubins que sustentam o Trono Divino bateram milhares de vezes suas asas de fogo para anunciar a presença de Miguel diante do Criador e de sua divina Shekina. Milhares de vozes de trovão e fogo surgiram do Trono fazendo ecos por todos os confins do Araboth e então a voz de Deus envolveu Miguel e o transportou ao seu lado no Trono Divino. Neste momento Miguel envolto no fogo do amor supremo tremeu terrivelmente e de seus olhos de esmeraldas brotaram milhares de lagrimas de luz das quais nasceram novos Querubins, todos alados, todos abrasados nas chamas do amor divino e todos cantando uníssono suas glorias.
Miguel junto ao Criador em seu Trono lhe revelou sem palavras a rebeldia de Beqa, agora Kasbel. E o Criador vislumbrou claramente a batalha entre seus dois arcanjos no espelho esmeralda das lagrimas de Miguel, então lagrimas de fogo brotaram do Criador unindo-se com as de Miguel diante da traição do seu amado Serafim e Arcanjo Beqa. E as lagrimas de chamas e esmeraldas correndo sobro o solo de cristal foram unir-se ao rio de fogo que esta de frente ao Trono Divino. Os Coros Angelicais calaram-se aterrados diante esse espetáculo inverossímil e houve um terrível silencio em todos os palácios de Araboth. E os ecos deste grande silêncio ressoaram através dos Sete Céus despertando os anjos menores que descansavam no Primeiro Céu..
Após o grande silêncio então ouviu-se o ressoar de Trombetas convocando o Conselho de Guerra. Kasbel também ouviu o som das Trombetas e sua astúcia lhe indicou que era necessário atacar de imediato. Seus ministros com seus milhares de exércitos já estavam preparados para a batalha. O Poder de Kasbel era tão grande que pode cruzar os portais dos seis primeiros céus sem encontrar resistência que igualasse a sua força entre os Príncipes Regentes de Shamain, Raquie, Sagun, Machen, Mathey ou Zebul.. Kasbel chegou triunfante aos portais de Araboth. Ali lhe esperavam as Hostes Celestiais, Exército atrás de Exército, todos anjos de luz montados em cavalos brancos alados. E todos os anjos fiéis e rebeldes carregavam espadas de fogo e lanças forjadas nos relâmpagos de Araboth. E todos os capitães dos exércitos tinham armaduras de ferro e lava que brilhavam como rubis no furor da batalha. O primeiro encontro ressonou como o ruído de mil milhões de vulcões em erupção. E em todos os confins do Araboth estremeceram de pavor.E muitos dos anjos rebeldes foram desmontados e lançados ao vazio das trevas. Mas nenhum dos anjos fiéis foi desmontado.E assim sucedeu também no segundo e terceiro encontro.
Mas como os anjos foram criados imortais pelo criador, não podiam morrer e suas terríveis feridas cicatrizam ao mesmo instante, e fogo e luz em essência sutil emanava ao invés de sangue. Mas apesar de cicatrizar suas feridas, cada anjo ferido perdia energia Divina. E cada anjo rebelde que perdia sua essência Divina, eram lançados imediatamente ao abismo das trevas. Houve uma grande batalha. Mas quando Kasbel viu que os Quatro grande Arcanjos - Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel sozinhos venceram a metade de seus exércitos, uniu-se a seus dois ministros restantes: Pyneme e Kasadya e seus exércitos e deu ordens para que atacassem simultaneamente as muralhas de cristal do Araboth.. E os príncipes Anapiel YHVH e Soterasiel YHVH e os guardiões dos sete Palácios de Araboth acudiram diante do trono do criador para informar-lhe tal ataque e o perigo iminente de queda das Muralhas de Araboth.
Mas eis que a Glória do Senhor Deus dos Exércitos estava em seu Trono de Justiça e Dele emanava uma Luz imponderável que transcendia o Araboth e se estendia por todos os confins do Universo. O rio de fogo de frente ao Trono rugia com vozes Tumultuosas. E as criaturas de fogo que sustentam a Carruagem Divina que é a Merkabah e sobre o qual está o Trono do Criador, rugiam com ira divina, e os quatro Ventos dos Furacões, Tormentas, Tempestades e Vendavais, sopravam com força onipotente, alimentando as chamad dos Querubins.E a voz de Trovão e de Relâmpago do Criador surgiu do Trono de Luz deslumbrante e através de seus ecos prodigiosos emanaram a Justiça, a Compaixão e a Verdade, sobre os quais está cimentado o Trono /divino. E as três qualidades Divinas se uniram em harmonia perfeita trazendo de novo a Paz e o Equilíbrio ao Araboth. Neste instante tudo se calou novamente e em seguida todos os Príncipes da Divina Presença se levantaram junto aos coros Celestiais e entoaram com vozes gloriosa o Triságono Divino: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos. Repleto está o céu com sua Glória.
Kasbel e as hostes rebeldes do outro lado das muralhas viram a Glória do Criador estender-se por todos os âmbitos do Universo e escutaram os ecos angelicais do Triságono Divino reverberando por toda a Criação e compreenderam sua grande e terrível perda e uma grande dor e angústia sobrecaíram sobre seus corações. Mas Kasbel consciente de seu erro irreparável e determinado a levar até o fim o seu plano de conquista, comandou seus exércitos a atacarem novamente.. Neste momento ouviu o som Trombetas e clarins que vinham das Alturas. Alçou seus olhos ao firmamento e viu uma avalanche celestial descer sobre sua cabeça comandados por Miguel, Gabriel, Uriel e Rafael.Em um instante o pânico, o terror e a confusão se instalou entre os rebeldes que foram derrotados em um instante.
Kasbel, despojado de seus Ministros e abandonado por seus exércitos, os quais se dispersaram aterrados pelos sete céus e foram perseguidos pelas Hostes Celestiais, se encontrou só novamente de frente com seu grande oponente, o terrível, invencível, Arcanjo, Virtude e Serafim Miguel. Todas as trombetas e clarins se calaram neste momento e os dois inimigos celestiais, o fiel e o rebelde, desmontaram de seus cavalos e se prepararam para o combate final. Miguel tirou sua armadura divina forjada em fogo de Querubins e jogou para longe de si uma grande lança flamejante. Com somente sua espada de fogo e relâmpago enfrentou ao adversário do Criador. Kasbel; em sua feroz arrogância, não quis ser menos que o Arquiestrategista Divino e tirou também sua armadura e lança. E o silêncio que rodeou os oponentes foi mais aterrador ainda que o som da s trombetas e clarins de guerra.
A grande astúcia de Kasbel lhe fez ver que na derrota de Miguel estava sua maior defesa e esperança de ganhar ainda a batalha, já que vencer o Invencível – elevaria seu grau diante das Hostes Celestiais, as quais talvez ainda pudesse seduzir. E foi este orgulho e arrogância sem medida que impulsionou Kasbel a ser o primeiro a atacar.
Miguel, cuja estratégia suprema lhe fez esperar o ataque, vislumbrou claramente o plano de Kasbel nos olhos de seu inimigo.
Kasbel com grande força e impulso se jogou sobre Miguel com a intenção de atravessar-lhe o peito com sua espada. Mas ao invés do corpo de luz do Arquiestrategista sua espada fulminante atravessou o vazio. E ao virar-se rapidamente Kasbel viu seu inimigo esperando-o em suas costas, com olhar sereno e sua espada apontando para o chão. E cheio de confusão diante da transformação instantânea de Miguel, atacou de novo e desta vez pode ver a essência Divina do grande Serafim se desvanecer frente aos seus olhos e transladar-se simultaneamente ao seu lado direito. Neste momento percebeu a grandeza de seu inimigo e porque é considerado invencível. Mas seu orgulho o impediu de ver a impossibilidade de vencer a Miguel e rugindo com fúria impotente se jogou novamente sobre o grande Arcanjo que desta vez o recebeu de frente. E as duas espadas de fogo se chocaram com terríveis ecos e os dois oponentes se encontraram cara a cara. As espadas cruzadas diante de seus rostos. E nos olhos de esmeralda de Miguel, Kasbel não viu ódio nem rancor, somente uma grande tristeza. E neste momento supremo, o grande Adversário sentiu, como sentiria por uma eternidade, a dor de ter perdido a Glória Celestial. Este momento de reconhecimento e de derrota durou menos que o um segundo. E com um movimento rápido e seguro Miguel desarmou a Kasbel cuja espada saltou em pedaços de suas mãos. O impacto fez Kasbel cair aos pés do Grande Arcanjo, cuja sandália de fogo se plantou firmemente sobre seu pescoço. E foi assim que chegou ao final a guerra no céu.
Miguel, Gabriel, Uriel e Rafael acorrentaram a Kasbel com cadeias de fogo e o levaram desta maneira vencido e humilhado diante do Trono do Criador.
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