Os Antigos Astrólogos já sabiam disso!

Astroquímica: sincronia cósmica
GUIA PRÁTICO
A INFLUÊNCIA
DOS PLANETAS
SOBRE OS METAIS
Olavo de Carvalho
Revista Planeta, # 106, julho de 1981
Existe alguma relação entre os metais e os planetas, como
pretendiam antigos astrólogos? Uma experiência simples de laboratório
que você mesmo pode fazer em casa, dá a resposta: sim, a relação
existe. Não sabemos em que consiste, não podemos explicá-la, mas podemos
observá-la. Aqui, o pesquisador holandês 
Nicholas Kollerstrom [1] doutor
em ciências naturais e filosofia pela Universidade de Cambridge, mostra
como fazer essa experiência.

Os planetas influem no comportamento dos íons metálicos em solução. Descrevemos neste artigo uma experiência simples, que o leitor pode fazer em casa, e que demonstra a existência real dessa relação.
Já desde tempos remotos os metais conhecidos foram relacionados a determinados planetas, e suas propriedade eram explicadas em função dessa relação. Assim, a prata, metal que apresenta grande poder de reflexão, foi relacionada com a Lua, que reflete a luz do Sol. Vênus, planeta feminino, foi relacionado com o cobre, que é um metal maleável e macio. Marte, planeta guerreiro, foi relacionado com o ferro, usado na fabricação de armas de guerra. O velho e sombrio Saturno foi associado ao chumbo, metal esbranquiçado e sem brilho, que se usava na construção de tumbas. [2]
Sagitário: manuscrito do iraniano Abd al Rahman al Sufi (1630-1631).
No século 17, essa velha representação cósmica foi abandonada para dar lugar à química moderna. A atual teoria atômica explica as características dos metais de modo totalmente diferente, e parece não deixar lugar para as antigas concepções.
Nos últimos anos, entretanto, foram realizados muitos esforços para demonstrar a relação que existe entre os ritmos e ciclos da natureza terrestre e os processos cósmicos. Michel Gauquelin deu-nos uma boa visão desses esforços em seu livro Os Relógios Cósmicos. Neste artigo, pretendemos nos limitar a acontecimento cósmicos bem específicos: as conjunções eoposições (ângulos de zero e de 180 graus respectivamente) entre planetas. Para demonstrar a relação entre esses acontecimentos e os metais, empregaremos um método desenvolvido na Suíça por Rudolf Steiner e Eugene Kolisko [3] por volta de 1920.
A aparência
de um espetáculo
microcósmico
Percorrendo suas órbitas, dois planetas quaisquer formam periodicamente determinados ângulos entre si e com a Terra. Segundo a tradição astrológica, tais ângulos teriam significados especiais. Ainda não sabemos como eles influenciam os processos terrenos, mas podemos observar essa influência crescendo numa curva, tendendo para um máximo, e em seguida declinando. Processos químicos bem definidos, que ocorrem antes, durante e após o acontecimento cósmico, dão um reflexo simétrico, em plano menor, das modificações ocorridas sob essa influência. No momento da ocorrência cósmica, acontecem alterações no comportamento químico dos metais. Mas não de metais quaisquer — e sim daqueles que os antigos associavam justamente aos planetas envolvidos nesse acontecimento. Tais alterações no comportamento químico podem ser evidenciadas por experiências, onde esses metais são usados em estado relativamente sensível. Uma série de experiências desse tipo assume então a aparência de um espetáculo microcósmico, em que podemos acompanhar a seqüência, paralela, de um acontecimento cósmico.
A. Kircher, 1653: visão superposta grega, latina e egípcia do zodíaco.
Veja o
que acontece numa
conjunção Lua—Marte
Para a experiência, usa-se uma técnica cromatográfica simples. Misturamos soluções de dois sais metálicos e as depositamos em papel de filtro. Se usarmos os sais metálicos adequados, na concentração certa, os íons reagirão  lentamente, e, após um certo tempo, formarão um precipitado de prata coloidal. Enquanto a solução vai sedimentando no papel de filtro, a precipitação ou depósito assume um traçado característico, com linhas harmônicas. A precipitação da prata coloidal é extremamente sensível à luz. Assim como ela é o fundamento da fotografia, será um indicador ainda mais sensível para outras influências.
Para os fenômenos relativos à Lua e a Marte, usam-se prata e ferro. Das soluções de 1% de sulfato de ferro e nitrato de prata, retira-se uma parte de 1 ml de cada uma, misturando-as num recipiente apropriado. O sulfato de ferro reduz lentamente o nitrato de prata até a prata coloidal, que após dois ou três minutos começa a se depositar no papel de filtro. Usamos um papel de filtro de forma retangular, enrolado em forma de cilindro, e o colocamos imediatamente na solução, após a mistura.
Os resultados de uma dessas experiências na conjunção Lua—Marte podem ser vistos nas figuras 1 e 2. Elas também mostram as formas que aparecem no papel de filtro.
Anota-se o tempo decorrido entre a mistura da reação e o primeiro aparecimento de uma forma no papel de filtro. A cada série de três medidas de tempo, tira-se uma média. Determina-se também o número de manchas que aparecem no papel de filtro, e de três em três papéis se tira a média, como se vê na figura 1.
À medida que a Lua e Marte se aproximam um do outro, nota-se o aumento do número de determinadas figuras, enquanto aumenta, paralelamente, o tempo de reação.
Os gráficos ilustram o que vem a ser um critério de experiência bem-sucedida desse tipo: a cada minuto, pode-se dizer, pelo número de figuras e pelo tempo de reação, o momento em que ocorreu algum acontecimento no céu. A variação na rapidez desta reação química parece ser realmente uma medida para a duração do acontecimento cósmico.
Lua e Saturno:
a prata e o chumbo
obedecem ao relógio
cósmico
Para acontecimentos que envolviam a Lua e Saturno, empregamos soluções de ferro, chumbo e prata. Desta vez, mistura-se 1,5 ml de cada solução a 1% de sulfato de ferro, nitrato de chumbo e nitrato de prata. O sulfato de ferro torna-se branco, o nitrato de chumbo precipita-se e, em conseqüência disso, o depósito de prata coloidal no papel de filtro demora mais para aparecer. Neste caso, é preciso aproximadamente de 20 a 30 minutos para cada reação. As formas das figuras que aparecem no papel parecem mais “pesadas” do que na experiência anterior, mais “saturninas”, já que o velho Saturno é lento e pesado.
As figuras 3 e 4 mostram os resultados obtidos durante uma oposição e um eclipse entre Lua e Saturno. Também aqui cada ponto na escala representa a média de 3 medidas do tempo decorrido desde a mistura das soluções até que a primeira figura aparecesse no papel de filtro. Vemos aqui um acontecimento semelhante ao anterior, só que agora envolvendo Saturno. A inclusão do chumbo retardou imediatamente a reação. É uma reação bem mais lenta do que a curta e aguda reação determinada pela conjunção Lua—Marte. Desta vez são precisos 2 ou 3 dias para que as formas de desenvolvam no papel de filtro e adquiram seu aspecto característico. O velho e lento Saturno determina o tempo...
Planetário do século 17. Hoje, sabe-se cada vez mais sobre planetas.
Ocorre um eclipse quando a Lua está na frente de um planeta. O eclipse a que se refere a figura 4 durou cerca de uma hora. Durante esse intervalo, todas as formas desapareceram no papel de filtro. Daí o grande aumento de tempo que se vê no gráfico: a precipitação da prata foi detida. Quando Saturno desaparece, totalmente encoberto pela Lua, desaparecem também as manchas no papel de filtro. A precipitação da prata acompanha assim a exata posição de um planeta milhões de quilômetros distante de nós...
Representação de Marte (Gravura do século 15).
Representação zodiacal do planeta Vênus ((Gravura do século 15).
Como interpretar
a linguagem cósmica
das figuras no
papel de filtro?
Nas fotografias, vemos as manchas que aparecem no papel de filtro em dois acontecimentos entre Lua e Saturno, quando usamos soluções de ferro, chumbo e prata. A primeira seqüência foi feita durante uma conjunção, e a segunda durante uma oposição duas semanas depois. Por enquanto, ainda não sabemos como interpretar a linguagem cósmica dessas figuras.
O método do papel de filtro indica sempre o resultado da interação de dois planetas em relação a dois metais. Podemos, porém, utilizar um outro método, para acompanhar num único metal as alterações causadas pelos acontecimentos cósmicos. Este método não é tão exato quanto o do papel de filtro. Consiste em dissolver um sal metálico numa solução de silicagel, antes, durante e depois do acontecimento cósmico, e medir o tempo de reação. A reação consiste apenas no aparecimento de uma “árvore” de silicato de metal insolúvel. Medindo o tempo total que essas “árvores” demoram para atingir seu tamanho definitivo, obtemos uma cronometragem exatamente igual à do acontecimento cósmico.
Para experiências em acontecimentos entre Lua e Vênus, podemos usar cristais de sulfato de cobre, metal de Vênus. Em intervalo de tempo regulares, espalhamos dois ou três cristais numa solução de silicagel e anotamos o tempo que decorre até que apareça uma “árvore” de meio centímetro. A figura 5 mostra os resultados obtidos com este método numa oposição Lua—Vênus. No gráfico (que mostra valores médios de três em três medidas, numa escala logarítmica), pode-se ver como o tempo de reação varia à medida que nos aproximamos do momento exato da conjunção. Ele diminui antes do acontecimento, aumentando novamente logo depois. A figura 6 mostra um dos resultados obtidos durante uma oposição, mas desta vez levando em conta, também, os efeitos da variação da temperatura ambiente no local onde foi feita a experiência.
Nos dois casos, a Lua parece aumentar a influência de Vênus sobre a atividade dos sais de cobre: as “árvores” crescem mais rapidamente durante os acontecimentos cósmicos do que em outros momentos.
Vemos, assim, como os movimentos dos planetas têm uma relação com as interações entre íons metálicos, e como esse fato pode ser demonstrado mediante uma técnica, para a qual não se necessita de grande habilidade nem de aparelhagens complicadas. Os resultados descritos, evidentemente, não autorizam nenhuma conclusão sobre o tipo de relação de que se trata. É preciso assinalar ainda que os resultados das experiências com papel de filtro parecem ser alterados conforme o lugar onde se realizam. [4] Efetuei estas experiências em Sussex, e os resultados que obtive ao repeti-las mais tarde em Londres não foram exatamente idênticos, embora, enveredassem no mesmo sentido das minhas conclusões.
O holandês Nicholas Kollerstrom.

RESULTADO DOS TESTES
Figura 1 – Resultados obtidos durante a conjunção Lua–Marte
de 10 de março de 1970, às 23h36 (horário de Greenwich).
O gráfico assinala a variação no número médio de manchas
que apareceram no papel de filtro. Na seta, o súbito aumento
no número de manchas na hora exata da conjunção.
Figura 2 – Variação no tempo de reação durante
a mesma conjunção Lua–Marte da figura 1.
Na seta, o aumento do tempo de reação
na hora exata da conjunção.
Figura 3 – Oposição Lua–Saturno de 22 de abril
de 1970 às 22h56 (Greenwich). O gráfico mostra a
variação no tempo de reação. Na seta, o aumento
e subseqüente diminuição do tempo de reação na
hora exata em que se forma a oposição no céu.
Figura 4 – Eclipse de Saturno pela Lua a 21 de
junho de 1974, às 5h00 de Greenwich. Na seta,
o dramático aumento do tempo de reação
na hora exata do eclipse.
Figura 5 – Reação com silicagel e cristais de sulfato
de cobre durante a oposição Lua–Vênus de 1º/6/74,
às 14h54. Na seta, o aumento do tempo de reação
(formação da "árvore" de silicagel).
Figura 6 – Nova experiência com oposição Lua–Vênus
(30/9/74, 15h35). Na seta, o aumento do tempo
de reação com silicagel.
Figura 7 – Manchas no papel de filtro, antes, durante
e depois da conjunção Lua–Marte (10/3/70, 1h30).
Figura 8 – Antes, durante e depois da conjunção
Lua–Saturno (3/6/70, 1h30).
Figura 9 – Oposição Lua–Saturno.

QUEM QUER FAZER
CONOSCO A EXPERIÊNCIA
KOLLERSTROM?
O método Steiner-Kolisko para verificar a relação entre planetas e metais é bem conhecido entre os astrólogos, mas poucos têm a oportunidade de refazer por si mesmos essa experiência. Ao publicar este artigo de Nicholas Kollerstrom (originariamente publicado pela nossa associada, a revista Bres, de Haia, Holanda), Planeta não pretendeu apenas incentivar os estudiosos brasileiros de astrologia a refazer a experiência, mas oferecer-lhes uma oportunidade efetiva de realizá-la: a redação de Planeta se dispõe a promover um contato entre as várias pessoas interessadas no assunto e a coordenar a formação de uma equipe para refazer os testes de Kollerstrom. Evidentemente, essa equipe terá de contar com pessoas muito preparadas no estudo da astrologia, da química e da estatística, e submeter-se a todas as exigências necessárias para que a experiência tenha o máximo da confiabilidade e rigor científico. A redação da revista reserva-se o direito de selecionar os membros da equipe e indicar um pesquisador de gabarito para chefiá-la. A experiência será documentada e seus resultados publicados mais tarde em Planeta. Os interessados devem escrever para a redação de Planeta, indicando o tipo de formação — que possuem.
PARA QUEM
QUER TENTAR
SOZINHO
Se você quer fazer em casa e por sua conta a experiência do dr. Kollerstrom, estas são as instruções.
Antes de tudo, você tem de verificar nas efemérides (tabelas de posições planetárias publicadas pelas editoras de livros de astrologia) ou pedir a um amigo astrólogo que verifique a hora exata em que vai ocorrer o acontecimento — conjunção ou oposição — que vai estudar, sem esquecer de fazer as devias conversões horárias, pois as efemérides sempre marcam os acontecimentos pela hora de Greenwich, três horas a mais do que a hora oficial de São Paulo.
Para reações com
papel de filtro
Acontecimentos entre Lua e Marte
1) Misture, com o auxílio de uma pipeta, 1 ml de uma solução de 1% de nitrato de prata em 1 ml de uma solução de sulfato de ferro, ambas recentemente preparadas, em um recipiente bem limpo. Misture várias soluções ao mesmo tempo.
2) Não deve haver luz forte nas proximidades, pois o nitrato de prata é muito sensível à luz.
3) Logo após a mistura das soluções, enrole um papel de filtro retangular, formando um cilindro, e coloque-o no recipiente que contém a solução.
4) Anote criteriosamente o tempo decorrido até que a primeira mancha em forma de V comece a surgir em cada papel de filtro (aproximadamente três minutos).
5) Comece a fazer essas reações várias horas antes do acontecimento, e continue a fazê-las com intervalos de tempo regulares — por exemplo, de 15 em 15 minutos.
Acontecimentos entre Lua e Saturno
1) Use 1,5 ml de uma solução de 1% de sulfato de ferro, 1,5 ml de uma solução de 1% de nitrato de chumbo e 1,5 ml de uma solução de 1% de nitrato de prata. Misture-os, nessa ordem, em um recipiente bem limpo.
2) Use um papel de filtro mais comprido do que na anterior.
Para reações com
silicagel
1) Dissolva silicagel em um volume de água, na seguinte proporção:
(a) 1 parte de silicagel em 7 de água para reações com cristais de sulfato de cobre;
(b) 1 parte de silicagel para 5 de água em reações com cristais de sulfato de ferro (Marte).
2) Selecione cristais do metal escolhido, sendo cada um com vários milímetros de largura e todos do mesmo tamanho. Jogue-os na solução de silicagel.
3) Anote criteriosamente o tempo que os cristais levam para formar “árvores” dentro da solução.
4) Comece as reações várias horas antes do acontecimento cósmico e repita-as a intervalos regulares.
5) Faça cada reação num tubo de ensaio separado.
Aviso Importante
A temperatura ambiente e a umidade devem permanecer constantes durante toda a experiência.


[1] Nicholas Kollerstrom é doutor em ciências naturais pela Universidade de Cambridge e estudou a doutrina antroposófica de Rudolf Steiner no Emerson College, Sussex, Inglaterra. Hoje é pesquisador no Medical Research College, de Londres.
[2] Os antigos não estabeleceram a associação entre planetas e metais unicamente pela semelhança entre a aparência física do metal e as características “psicológicas” de cada divindade astral, mas também pela semelhança real entre os efeitos desse metal quando ingerido pelo ser humano e a ação atribuída aos planetas. Saturno, por exemplo, simboliza na astrologia tudo o que pesa, retarda e dificulta as coisas, enquanto o principal efeito psicológico da ingestão do seu metal, o chumbo, pelo ser humano, é justamente a maior lentidão de raciocínio e reações e a dificuldade de mover-se. A Lua, na astrologia, está associada ao delírio e às manias, enquanto a ingestão de prata (e principalmente do nitrato de prata) provoca delírio e confusões. Marte está associado à energia física, enquanto o ferro é um dos principais medicamentos nos estados de adinamia. Os homeopatas estão bastante acostumados a essa realidade. (A respeito, ver o livro de William Boericke Homeopathic Materia Medica).
[3] Rudolf Steiner (1861-1925), um dos maiores filósofos e místicos de todos os tempos, desenvolveu inclusive um tratamento para o câncer à base de seiva do visco, mas nesse sistema o visco tinha de ser colhido sob determinadas configurações planetárias. Criou ainda um sistema de agricultura onde os trânsitos planetários marcam as várias fases do trabalho, e esse sistema vem obtendo bons resultados em todo o mundo. As expectativas de sua assistente Madame Kolisko, bastante criticadas e jamais examinadas, estão expostas no livroMoon and the Growing pf Plants, editado em 1938 pela Antroposophical Publishing House.
[4] Provavelmente, a configuração astrológica individual do pesquisador também tem algo a ver com essas alterações. As famosas experiências do químico italiano Giorgio Piccardi, por exemplo, com a relação entre acontecimentos cósmicos e substâncias coloidais, exigem um ajuste das medições à hora e ao local onde se fazem as experiências.

Fonte:

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