Societas Iesu
por: Giselle Galvão
(Sóror Fortuna)
A Companhia de Jesus cujos membros são conhecidos como Jesuítas é uma Ordem Religiosa fundada em 1534 por Iñigno López de Loyola (Santo Inácio de Loiola) juntamente com seus seis seguidores , a saber: o francês Pedro Fabro, os espanhóis Francisco Xavier, Alfonso Salmerón, Diego Laynez, e Nicolau de Bobadilla e o português Simão Rodrigues. O objetivo Inicial da Ordem era: "desenvolver trabalho de acompanhamento hospitalar e missionário em Jerusalém, ou para ir aonde o papa nos enviar, sem questionar". Nesta ocasião fizeram os votos de pobreza e castidade.
A Ordem foi reconhecida pelo Papa Paulo III e legalizada em 27 de Setembro 1540 pela bula "Regimini militantis Ecclesiae". Em 27 de Junho do mesmo ano Inácio de Loyola e os seus seis seguidores foram ordenados padres.
Inácio de Loyola escreveu as constituições jesuítas, adotadas em 1554, que deram origem a uma organização rigidamente disciplinada, enfatizando a absoluta abnegação e a obediência ao Papa e aos superiores hierárquicos (perinde ac cadaver, "disciplinado como um cadáver", nas palavras de Inácio). O seu grande princípio tornou-se o lema dos jesuítas: "Ad maiorem Dei gloriam" ("Para a maior glória de Deus").
A Companhia de Jesus, assim como Inácio de Loyola, foram num primeiro instante muito perseguidos pela Santa inquisição em especial devido aos seus “Exercícios Espirituais”, que levaram Inácio a ser preso por duas vezes, embora nunca puderam provar nada de impróprio em sua conduta moral e espiritual.
Porém, a Ordem foi fundada num momento em que na Europa ocorriam profundas transformações na sociedade. Surgia uma nova classe social, a burguesia, que não se encaixava nas limitações impostas pela Igreja da época. O Renascimento havia difundido um novo pensamento à população e a burguesia dava um novo fôlego ao comércio através do qual acumulava seu lucro que a Igreja condenava como sendo um pecado mortal, renegando as mudanças que vinham ocorrendo e se atendo aos antigos costumes feudais. No entanto, por sua vez, a igreja havia se afastado de seus dogmas de pobreza, humildade e sofrimento deixando a sociedade ainda mais descontente. A Igreja se tornara uma ostentação do luxo. Dona de muitas terras em diversos países (principalmente na Alemanha), a Igreja começou a se valer de diversos subterfúgios com o intuito de acumular ainda mais riquezas, como a venda de indulgências e de cargos eclesiásticos. Este mal comportamento unido ao descontentamento do povo foi o motivo pelo qual deflagrou a Contra Reforma ou Reforma Católica, iniciada por Martinho Lutero na Alemanha, Jean Calvin (João Calvino) na França e Henrique VIII na Inglaterra.
A Igreja ia perdendo o poder e influência sobre os países europeus, então, em 1545 realizou-se o Concílio de Trento, que durou até 1563 e pelo qual a Igreja tomou providências para deter as reformas que haviam se alastrado pela Europa. Dentre uma série de medidas tomadas no Concílio podemos destacar o fortalecimento da autoridade do Papa e o surgimento de novas ordens religiosas, como a Companhia de Jesus, que atendia às expectativas dos cristãos da época.
O Concílio decidiu também, talvez inspirados pela rigidez Jesuíta a criar regras para o clero, os padres deveriam estudar em seminários, estudando o catolicismo a fundo, coisa que não acontecia anteriormente, e estabeleceu-se um limite mínimo de idade para a ordenação: 25 anos para padre e 30 para bispo. Foi estabelecido também, que a Bíblia só poderia ser interpretada pela Igreja e foram mantidos os cultos das imagens e da Virgem Maria.
A Igreja, em sua queda, perdeu o domínio sobre a Inglaterra, metade da Alemanha e parte de diversos países da Europa. Desta forma, se viu obrigada a tomar medidas drásticas para frear a onda protestante que se alastrava pela Europa. Assim, foi reaberto antigo Tribunal da Santa Inquisição. Além disso, a Igreja publicou em 1564 o “Index Libro rum Prohibitorum”, onde listava todos os livros considerados hereges por pregar contra os dogmas da Igreja.
Devido ao seu evidente caráter de milícia e à sua estrutura relativamente livre (sem os requerimentos da vida na comunidade nem do ofício sagrado), o que lhes permitia certa flexibilidade de ação. a Companhia de Jesus tornou-se a arma mais poderosa contra a Reforma Protestante. Os jesuítas foram solicitados pelos Reis e pelos Papas para serem enviados em missões de evangelização em diversos países do mundo. Forma enviados ao Reino do Congo em 1547, em 1548 ao Ceilão, Marrocos e às Molucas, em 1549 ao Brasil, em 1552 à China, em 1555 à Etiópia. As missões iniciais no Japão tiveram como resultado a concessão aos jesuítas de um enclave feudal em Nagasaki, em 1580. Em 1661 foram enviados ao Tibet entre outras missões pelos países europeus.
Após a Contra-Reforma ou Reforma Católica o papado havia se fortificado e a Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1543, tornou-se a escola dos filhos da nobreza o que ajudou a fortalecer ainda mais a Igreja.
Requisitos para ser um Jesuíta:
São membros da Ordem os professos, os escolásticos e os coadjutores.
Os professos devem ser doutores e, além dos três votos comuns têm o de obediência ao Papa, quanto às missões.
O Geral, os provinciais, assistentes e os professores de teologia devem ser professos.
O Geral, além dos assistentes, tem ainda o Admoestador.
O órgão superior de administração é a Congregação Geral na qual tomam parte todos os professos eleitos por suas províncias. Os assistentes são eleitos pelas províncias e o Geral é vitalício.
A Companhia possui casas de professos, colégios, residências e missões. O vestuário depende do lugar onde moram, não têm hábito próprio. Não há a obrigação do ofício de côro. Após quinze anos de vida religiosa proferem os últimos votos; devem passar dois anos de noviciado, três de filosofia, alguns de magistério, quatro de teologia, e um segundo noviciado que é chamado de terceiro ano de aprovação. Como em todas as ordens religiosas da Igreja Católica, os jesuítas também têm a prática do retiro espiritual, mas de modo especial praticam os Exercícios Espirituais de Santo Inácio.
A Supressão da Companhia
"Os jesuítas são uma organização militar, não uma ordem religiosa. Seu chefe é um general no exército e não um simples sacerdote ou um abade de um mosteiro. O objetivo desta organização é o poder. Poder em sua forma mais déspota. Poder absoluto, poder universal, o poder de controlar o mundo pela vontade de um único homem. Jesuitismo é a mais absoluta de despotismos; ao mesmo tempo, a maior e a mais enorme de abusos.
O general dos jesuítas insiste em ser o mestre e soberano sobre qualquer soberano. Onde quer que os Jesuítas sejam admitidos serão mestres e governantes de qualquer soberano, custe o que custar. Esta sociedade é ditatorial por natureza, por isso é um inimigo irreconciliável de qualquer autoridade constituída. Cada ação, cada crime, não importa quão atroz, é um trabalho que é considerado meritório, quando é feito em conformidade com os interesses da sociedade dos jesuítas ou cumprimento de uma ordem do general. - Memorial de cativeiro de Napoleão em Santa Helena, pp. 62, 174.”
O Grande poderio alcançado pelos Jesuítas passou a ser intolerado no século XVIII. Além se serem o baluarte mais forte dentro da Santa Sé, tinham posição destacada nas cortes como professores, pregadores e confessores e um certo predomínio científico manifestado tanto nos colégios como nas publicações. A sua influência política incomodava aos reis e outros governantes. Começaram-se então as intrigas contra os Jesuítas que resultou na supressão da Companhia em 21 de Julho de 1773 sob a bula Dominus ac Redemptor do papa Clemente IV que cedeu às pressões dos reis e principalmente da Espanha, obtida quase à força pelo embaixador espanhol Moniño, órgão central de quase todas as maquinações antijesuíticas, no período da supressão. Os Jesuítas sofreram diversas acusações, reais e falsas, muitos foram presos e até torturados e mortos, outros foram obrigados a deixar a Ordem.
Como Papa Clemente XIV deixou a critério dos soberanos a publicação da bula, a czarina Catarina a Grande os conservou na Rússia e usou a ocasião para atrair para o seu país os membros da Companhia, gente de grande erudição, o mesmo se deu com Frederico da Prússia, na Silésia.
Na ocasião da supressão os Jesuítas possuíam cinco assistências, 39 províncias, 669 colégios, 237 casas de formação, 335 residências missionárias, 273 missões e 22.589 membros.
Em 1814, mudadas as cortes europeias pelas Guerras Napoleônicas Pio VII viu-se em condições de restaurar a Companhia, o que fez no dia 7 de agosto daquele ano em Roma, entregando a bula da restauração encíclica Sollicitudo omnium ecclesiarum aos velhos padres ainda existentes e ali reunidos. O Superior Geral Thaddeus Brzozowski, que havia sido eleito em1805, adquiriu então jurisdição universal.
Teriam os Jesuítas Ligações com a Ordem dos Illuminati da Baviera?
Atualmente alguns grupos extremistas isolados, que defendem a “Teoria da Conspiração” acusam a Ordem Illuminati de possuir um plano para “Governar o Mundo”, chegaram a dizer que tal Ordem pertencia aos jesuítas devido ao fato da Ordem Illuminati da Baviera ter sido fundada em 1 de maio de 1776 (Noite de Walpurgis) – apenas 3 anos após a supressão da Ordem por Adam Weishaupt – que estudou desde os 7 anos de idade em um colégio Jesuíta vindo a formar-ser na Universidade de Ingolstadt, (Universidade Jesuíta) em 1768 aos vinte anos de idade. Acredita-se em 1771 Weishaupt conheceu um comerciante dinamarquês chamado Franz Kolmer, que o introduziu às práticas mágicas do Egito e as doutrinas maniqueístas antirreligiosas, provocando na mente do jovem Weishaupt um espírito anarquista e de pouca tolerância para a religião.
Em 1772, se tornou professor de direito civil e canônico na Universidade de Ingolstadt. Muito rapidamente a concepção liberal de Weishaupt entrou em conflito com os jesuítas, no entanto, pela dissolução da Companhia de Jesus pelo Papa Clemente XIV em 1773, Weishaupt se tornou reitor da Faculdade de Direito da Universidade, uma posição que era realizada exclusivamente pelos jesuítas até aquele momento, ou seja, Weishaupt nuna foi Jesuíta e a ordem dos Illuminati da Baviera nunca teve nada a ver com os Jesuítas. No entanto muitos outros grupos e Sociedades Secretas se auto intitularam Illuminatis, mesmo sem ter nenhuma ligação com os Illuminati da Baviera. Porém este é um tema para ser discorrido em outra oportunidade por ser por demais extenso.
Vale citar ainda que muitos livros de Magia Medievais, condenados pela Igreja trazem como parte de seus ensinamentos fórmulas que ensinam a evocar demônios e pactuar com eles, a maioria destes tem a autoria atribuída à Papas, em especial ao Papa Honório III, ao Papa Leão III e ao Papa Clemente, entre outros. Todavia nestes livros sempre aparece o símbolo dos Jesuítas dentro do círculo evocatório. Apesar do Símbolo do Sol nos remeter ao culto pagão do Sol Invictos, do meu humilde ponto de vista, estes livros foram divulgados com a intenção de denegrir a imagem dos Jesuítas devido ao grande poderio por eles alcançado e consequente incomodo causados aos homens de poder da época. Houve um momento na história que os Jesuítas praticamente dominaram toda a Europa, por sua grande erudição, estavam nos parlamentos, nos gabinetes dos reis, nas Universidades, eles se tornaram os professores dos filhos dos nobres e possuíam a Sociedade Europeia na palma das mãos. Eles foram usados pela Igreja e alcançaram um poder maior do que o da Igreja! Não estou defendendo arduamente os Jesuítas, é evidente que onde há poder e muitas pessoas envolvidas sempre há corrupção, no entanto Inácio de Loyola a meu ver teve a mais pura das intenções ao criar a Companhia de Jesus, ele não tinha motivos para deixar de lado sua nobreza e nem certeza do sucesso da Ordem. Se Napoleão Bonaparte estiver certo: “O objetivo desta organização é o poder.(...) Poder absoluto, poder universal, o poder de controlar o mundo pela vontade de um único homem”. Então este é o momento! Eles alcançaram seu objetivo: O Papa Francisco é o primeiro papa Jesuíta, líder espiritual de 1,2 bilhão de católicos.
Círculo
Mágicko retirado do Grande Grimório – livro antigo de Magia.
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